quinta-feira, 9 de outubro de 2008

De volta à vida

Lourdes Dornelas sentiu que havia voltado à vida quando comeu uma galinhada com a família

Lourdes Dornelas trabalha na Escola Municipal Rubens Falcão, em Santa Eugênia. É nessa mesma escola que estuda seu filho Márcio, de dez anos. Quando ela entrou no trabalho, ele estava com o aprendizado um pouco insuficiente, necessitando de reforço. O desempenho do filho melhorou consideravelmente.

Pelo menos parte dessa queda no rendimento escolar pode ser debitada na conta da profunda depressão que tomou conta de Lourdes. No auge do desespero, Lourdes chegou a tomar ácido. A história do almoço de domingo inesquecível se deu durante seu processo de convalescença.

“Fiquei um tempão sem comer nada”, lembra. “A comida não era assimilada pelo organismo, voltava tudo.” Lourdes sobrevivia à custa de soro. Suas veias estavam dilatadas.

Além de alimento, a comida é combustível para o organismo, uma fonte de prazer e uma oportunidade de confraternização. Diz um velho ditado “que só se senta à mesa com os amigos, nunca com os inimigos”. A família Dornelas é uma entusiasmada seguidora desse ditado.

A numerosa e unida família Dornelas resolveu fazer um almoço para tirar Lourdes da “fossa”. Trazer os irmãos de Niterói com certeza espantaria as tristezas que haviam feito morada no seu coração.

O almoço aos domingos era um hábito dos Dornelas. Um dos pratos principais desses domingos era a galinhada. Era uma galinhada gorda e de temperos fortes. Lourdes teve que comer aquela galinhada com os olhos. “Não pude nem chupar um ossinho, para sentir o gostinho do tempero”, lembra. “Até o cheiro era proibido.”

Era preciso acabar com o problema, não era possível ficar se alimentando somente no soro. “Resolvi operar, embora com muito medo. Mas queria voltar a viver”, diz Lourdes. Foi internada no Hospital Gafrée Guinle, na Tijuca. A cirurgia foi bem-sucedida. Feliz e aliviada, a família resolveu comemorar a volta de Lourdes à vida com uma nova galinhada.

Agora ela pode saborear seu prato predileto, e não precisa ficar com “olho grande”, farejando o cheirinho gostoso que só a família Dornelas sabe fazer. O almoço aos domingos agora é uma festa só.

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