sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Fica comigo esta manhã

Elaine resolve carência das crianças com muito diálogo
por Moduan Matus

Um dia desses Elaine Oliveira de Brito foi levar o filho caçula para a Escola Municipal Ayrton Senna, no Parque Flora. Quando chegou, sentiu que havia novidades. As crianças estavam naquele corre-pra-cá-corre-pra-lá, tentando se organizar.

Como Elaine conhecia a coordenadora, aproximou-se e ofereceu ajuda.

- Ah, eu preciso sim! - respondeu Mariana. - Tenho que atravessar algumas ruas para chegar até um dos parceiros do Bairro-Escola e deixar os alunos com a oficineira.

Elaine acompanhou a turma achando tudo aquilo o maior barato!

Na volta, recebeu o convite para ser mãe educadora. Aceitou na mesma hora. Naquele mesmo dia ficou até o final da tarde.

No segundo dia, Elaine pegou as crianças do pré-escolar e da classe de alfabetização. Cada turma era uma novidade, mas não encontrou nenhuma dificuldade para lidar com elas.

Com o passar do tempo, ela começou a descobrir as crianças rebeldes. Mas não se perturbou.

- Não adianta gritar com eles - acredita. - Não adianta pegar pelo braço. Nada! O único remédio é uma boa conversa.

Elaine tem plena consciência de que as crianças, cujos pais passam a maior parte do tempo trabalhando longe de casa, são muito carentes.

- Tem criança que, quando te vê, abre os braços. Te abraça. Te aperta e diz: "tia, quero ficar contigo!"

Elaine fica, agora, com uma turma de 4ª série. Ela está achando ótimo lidar com adolescentes entre 10 e 13 anos.

- Comigo, graças a Deus, está dando tudo certo!

Na verdade, Elaine tem dificuldade com algumas meninas. É que algumas delas não aceitam um "não", ficando logo "bicudas":

- Tem meninas que não aceitam reprimendas e jogam a culpa para cima da gente, dizendo que a gente fica no leva-e-traz, fazendo a professora chamar a atenção delas.

E tudo vai se resolvendo através do diálogo. Assim ela vai se mostrando uma amiga a mais para cada uma delas, pois, aos 33 anos, com um filho de 12, acha que poderia ser mãe de qualquer uma delas.

- Incrível, né? Tem meninos que a gente fala e é "batata". Eles não reclamam como as meninas, que são mais contestadoras, mas esse é um desafio bom, que nos ensina a viver e a compreender o universo de cada um e a superar os obstáculos.

Nenhum comentário: